sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

VISCERALIDADES CIRCULARIZANTES...





VISCERALIDADES CIRCULARIZANTES...

De repente uma dor me envolve.... feito GOLPE...
Desferido de forma não-intensional...

Eu li de forma Visceral suas idéias e sentimentos (dúbios)...

caralho! Por que inferno as pessoas mudam da noite pro dia e pra elas isso é normal?


A gente fica à espera e reza, reza tanto...sem nem saber se semana que vem o coração será pleno, ou a alma vazia...

Esse peso enlouquecedor da espera, da reza, dos planos feitos apressadamente pois se tem medo das coisas que podem não durar e por isso bebemos até não conseguir guardar e desabafamos ao pé do ouvido, trágicas e neuróticas declarações de amor e insegurança...


Não, não, por enquanto eu ainda não penso em sair de sampa... sim, a dor rasga peito e dói, dói, dói...me faz chorar sentado em seu colchão, com duas cervejas só pra mim, ouvindo flash-backs no escuro pelo foninho do celular.... mas por apenas 15 minutos, afinal, preciso dormir cedo para madrugar amanhã e ter que passar mais um dia tentando desviar pensamentos...

que droga!


A Rebouças vai me atrasar novamente por mais de 2 horas como hoje... eu vou novamente comprar uma ou duas cevas hoje... vou buscar nas rádios que o celular me permitir sintonizar futuras músicas nossas... pensar, pensar, pensar...


Lutar e matar meu leão de cada dia...


Na Paulista e por toda a cidade, já é Natal! Não, não vai nevar no meu verão... até você ligar, e dizer o quanto ficou feliz ao ler minha mensagem... ou não dizer nada...

Só de aparecer em meus pensamentos, você me acalma...me sossega, me leva com você por onde quer que queira...

Mas me enlouquece... me deixa ao ponto de pedir um calmante emprestado...depois te dou outro tá?

E a vida vai indo assim....até você chegar, ou ligar, ou mandar mensagem...ou simplesmente existir...


Dizer que me basta, minto... dizer que quero assim, torturo...

Dizer que sou mais eu, engano...


Ai

Ai

Ai


...


A Paulista está bem mais bonita...é onde amo estar...andando com você de madrugada... quando as estrelas fingem brilhar, e a gente finge que tem luar no céu pouco aberto às 4...


e te amo.... e te amo..... seja lá o que isso queira dizer..... seja lá o que você queira me dizer..... to aqui camarada....


hasta la vitoria.....


siempre, amore mio... love de minha vida....


jour de ma vie....


embregueço-me... espero..... canso, resolvo.....


que horas mesmo você ficou de ligar?


TREMO


troquei uns papéis com a l, e ela disse que tudo ficaria bem...

eu prefiro acreditar nela...

dores suficientemente sugadas, processadas, rasgadas e absorvidas em seu peito a credenciam profundamente a me dizer o que fazer...em resposta... um pequeno anexo...


l.

viva nossa vida errante, baby...

beijos pro Woody,

Assino com boas novas,

as coisas estão melhorando!

Neuroses neutralizando-se... as coisas fazem sentido quando estou são... mas ainda bebo hoje...

Fumar, não fumo não... mas continuo a ver desenhos na fumaça... e isso é bom sinal...

a mente abre-se,

o amor perdura....

e Deus proverá..

todo o resto se cura...


sempre sempre amor....


j.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

MARLA







A porta do metrô abriu-se e ela surgiu numa cadeira de rodas. Devia ter vinte anos, corpo de 12, mente talvez de 0, ou nem isso. Seu irmão(?) empurrava a cadeira e sua mãe acompanhava logo atrás, com uma toalha e sacola. Toalha para enxugar sua baba, sacola contendo documentos e, o que viria a descobrir depois, fraldas plásticas (descoberta essa feita quando, num estado de abrupto agito, ela se mexeu na cadeira de rodas e um barulho plástico foi ouvido de suas partes baixas.
Uma coisa chamava atenção nela; seu olhar está estaticamente fixado num horizonte além das paredes de ferro do metrô e sua mão... sua mão... sua mão direito formava arcos... como explicar...bem, vamos lá... era como se ela fizesse como os diretores de cinema fazem para enxergarem um quadro antes de filmar tal idéia. Sua mão ia com muita dificuldade à frente de seus olhos tortos... sua boca aberta, emergindo um gutural barulho de AH AM HA AH AM HA... repetidamente... sua mãe tentando acalmá-la (era estranho que qualquer movimento além do olhar fixo e mãos e pés tortos e parados se, de repente começassem a demonstrar vida, os outros fizessem força para que ela se acalmasse... e se ela quisesse simplesmente se mover?);mas ela punha a mão tremendo à frente de seus olhos tortos e olhar fixo... ela gemia e tentava encontrar algo... o que se passava em sua cabeça? era incrível... as pessoas olhavam, mas eu, particularmente fingia não olhar, mas prestava atenção à qualquer movimento dela...

Seu nome é Marcela, mas, era chamada de Marla... num momento, numa época, em alguma idade não ouvida por mim, ela tentara pronunciar algo uma única vez... e a única coisa que ela conseguiu dizer em toda sua vida além dos guturais AH AM HA, foi seu nome, em sua linguagem... com suas possibilidades; MARLA.

Babou, foi limpada, foi segurada... mas sua mão... sua mão continuava a erguer-se e a mirar em frente a seus olhos. Seu horizonte parecia ir além das paredes de ferro... o metrô... o nada...

Ela devia viver numa angústia infinita... eu, em minha vida, em minha consciência, em meu lugar no banco marrom do metro, me sentia triste por ela...ela não viveria o que eu vivo e reclamo... seu corpo talvez, jamais será tocado por um amante insaciável... Marla não andaria de bicicleta... ela não teria ESSA vida... só a sua particular... só aquela vida que ela enxerga quando mira algo num horizonte além de paredes, ferros e toalhas para baba.

Chega na estação Ela, sua mãe e irmão desceriam na mesma que a minha.

A porta abre-se. Eu saio. Olho para trás.

Seu irmão a empurra e sua mãe a acompanha logo atrás.

Marla olha para algum lugar com sua mão logo à frente.

Ela jamais poderá viver a minha vida e, por Deus, jamais irei viver a dela.

A cadeira caminha com Marla numa pose de rainha em seu mundo particular.

Marla... Marla...

O metrô volta a seu curso. Desço a escada-rolante e venho trabalhar.