domingo, 30 de janeiro de 2011

INVERNO DA ALMA

O INFERNO EM PLENO INVERNO





O que dizer desse filme? Quando foi a última vez em que seus nervos ficaram realmente à flor da pele numa sala de cinema?
Pois é essa a sensação que INVERNO DA ALMA (Winter´s Bone) passa da forma mais demolidora e angustiante possível.
Ree (interpretação irretocável de Jennifer Lawrence) precisa cuidar da casa, da mãe doente, de dois irmãos pequenos e lidar com o frio e pobreza quase infernais que a rodeia, com apenas 17 anos. Um lugar inóspito, interior do Missouri, lugar esse que parece parado num mundo paralelo, esquecido do resto do mundo. Lugar de pessoas sem sorrisos, sem palavras amigáveis, lugar de gente sofrida, doída e violenta.
Ali, Ree recebe a notícia de que seu pai deu a casa e os poucos bens restantes como garantia para se livrar da fiança, porém, ele desaparece sem deixar rastros.
Desesperada pela possibilidade de perder tudo, Ree sai em busca de seu pai e terá que lidar com as mentiras, segredos e a violência imposta por seus próprios parentes para que ela não descubra a verdade.
O ritmo do filme colabora para uma angústia crescente, e vai caminhando numa narrativa de dor, tristeza e, principalmente desesperança que parece jamais ter fim.
Uma parte da América pouco vista, rodeada de podridão, drogas, segredos submersos e uma esperança que nunca vem, nunca existe, nunca aparece.
As canções country doidamente melancólicas, ajudam a pesar ainda mais o clima absurdo da situação.
Três cenas são memoráveis: Ree, desesperada, sem saber o que fazer, decide alistar-se no exército para obter algum dinheiro; Ree perseguindo o homem que pode lhe dar a resposta sobre seu pai num rodeio, numa cena de uma tensão quase insuportável, e outra, sem revelar detalhes para não estragar a surpresa, quase no final onde ela, no lago, precisa enfrentar uma provação que o expectador vira a cara e aperta as mãos para não enxergar o absurdo daquela situação.
Indicado a 4 Oscar, Melhor Filme, Atriz (Jennifer Lawrence), Ator Coadjuvante (John Hawkes) e Melhor Roteiro Adaptado.
Vencedor de vários outros prêmios e indicações, o filme pode surpreender.
Doído, feio, duro, o filme até chega a dar alguma esperança no final, não sem antes deixar um gosto amargo na boca de quem tiver a chance honrosa de ver esse que é um poderoso conto de horror moderno, sem parecê-lo.



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