segunda-feira, 3 de outubro de 2011

.Dissidentes.

Entrei para comer um bauru. É noite. Pedi um suco de goiaba que, ao final, saíram mais caro que um jantar comercial.
Esperando - e COMO esperei! -, olhei para aquela mesa.
Um trio: uma mulher e dois caras. Eles estavam falando muito! O cara e a moça num lado e o outro cara do outro lado da mesa. Bebiam uma cerveja, ou suco? Sei lá. Falavam. Passei a observar. Estavam tensos. Cometeram um crime. É, sim, estavam discutindo o que fazer com o corpo e com a mala de dinheiro que encontraram (ai foi quando decidiram matar o cara – ou a moça, ou os dois!). Terrível!
Riram. Não, não mataram alguém, não tem dinheiro. Estavam rindo de uma piada de um deles. Eram solteiros. Não, um deles, o do lado da moça tem uma aliança. Ele namora com ela. Ela passa a mão no rosto dele. Estão comemorando o aniversário de namoro. Não, ela não usa. Ela perdeu ou esqueceu de por a aliança. Eles não namoram. Ficam. Não, acho que ele é gay. Olhou de uma forma suspeita prum carinha que entrou.
Não, ele não é gay. Ficou vidrado numa notícia que passava na TV de plasma do local. Era sobre uma corrida automobilística. Ou poderia ser um gay que gostasse de corridas automobilísticas, why not?
O outro permanece incógnita. Suspeito que até para os outros dois. Ele deve gostar dela. Ou não gosta do local. Talvez os dois.
Um universOtário pára na minha frente e pergunta o preço do comercial de picanha. São 18 mangos. Acho caro. Não consigo ver o que eles estão fazendo... reações, olhares, procuras... enfim... ele prefere um espeto de carne. Pelo lugar, parece tão caro quanto o comercial. Ou vai esperar o comercial chegar.
Eles não namoram. Percebi quando eles apertaram as mãos como numa sociedade. Riram de algo. Voltaram a ficar sérios. Algo saiu do controle. O corpo foi descoberto! Não, bobo, eles não mataram ninguém!
O do lado da moça levanta para ir ao banheiro. Sorri. Ela levanta junto. Sorriem. Eles namoram! Somem no banheiro. Separados? Ou no mesmo? Eles namoram!
O outro fica sozinho. Bebe sua cerveja. Ser, veja quanta vida em volta! Ele bebe e eles namoram. Ou não.
Demoram mas voltam. Normais. Sentam-se. O cara olha rapidamente pra mim. Percebe que eu estou olhando. Fico tenso. Ele descobriu! Fui eu quem matou e ficou com o dinheiro! Nada!
Ele não é gay. É. Não é. É. Não é. Vai saber. Confuso!
Não toca música. Os atendentes são bacanas. Tá calor e o céu nublado.
(to pensando o quanto não quero perder você!)
Eles conversam mais. Sem música. Combinam algo. É uma festa! Estão falando do aniversário da Talitinha. Ou da Mércia... ou do Fabinho, ou Jão... vai saber. Vão a uma festa! Foram. Não foram, fizeram. Não.
Não foram felizes. Estavam, somente. E só. E só. Só. Em três e só!
Interessantíssimos. O outro continuava quieto. Sorria. Riu! Sorriu. Quieto. E só. Eles namoravam a três e o terceiro estava com ciúmes. Acabou cometendo um crime por ciúmes, queria mostrar que era superior, mas de forma financeira. Não colou. Riram. Ficaram sérios. Viram TV, beberam cerveja. Ser, veja isso! Namoravam. E mataram alguém. Ou não. Nem.
Estudavam! A faculdade é aqui do lado, normal, óbvio, até! Estavam comentando da prova do maldito! Aquele professorzinho, aff! Credo! Mentira. Mataram aula da professora tapada. Mentira, estavam estudando pra passar... não, os rostos entregavam... eram estudantes de metade do curso. Velhos demais para dezoito anos... jovens demais para trinta e sete.
Riram. Ficaram sérios. Riram. Olharam a TV. Namoram, tenho certeza.
Não namoram. Ficam. São amigos.
Namoram!
só.
sós.

(jeam camilo)

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