Por Jeam C.
No dia do desaparecimento, Emily havia seguido novamente sua estagnada rotina, como se fosse um replay de um antigo filme do Chaplin, sem a menor graça e glamour. Poderia ter sido qualquer outro dia igual ao outro dia, igual ao mesmo de sempre, mas não aquele.
Chegando ao escritório, Emily deparou-se com um, anormalmente irritado Sr. Ramón. Era de se estranhar, já que, diferentemente de sua esposa elegante e grosseira, o Sr. Ramón era desses tipos que temos dó ao vê-lo de braços dados com alguém como a Sra. Ramón.
Rosto cansado, porém altivo, como se tivesse levado uma vida toda dedicado ao trabalho e esquecido de desfrutar dos benefícios que um bom salário poderiam proporcionar, o Sr. Ramón desistiu de certas ambições pessoais ao se deparar com tantos casos obscuros, ao ter que lidar com as faces mais assustadoras do ser humano... a Sra. Ramón então, assumiu a dianteira, e, se impondo de uma forma quase ditatorial no casamento e nos negócios, foi a responsável pelo não afundamento da carreira dele, da empresa, e do casamento em si, ou o que restava dele.
Não era de se espantar, no entanto, que Emily o encontrasse com rosto cansado e deprimido, ainda mais naquelas circunstâncias de caos em que o local se encontrava. Na verdade, o escritório estava à beira de um colapso. A caixa de e-mails de Emily já acumulava 34 mensagens para serem lidas, todas com um único título: CASO JONATHAN. Sentou-se, e logo aparece Raul, um dos queridinhos e asquerosos protegidos da Sra. Rabugenta.
- Já sabe do caso?
- Saberei caso você me deixe trabalhar.
- Hummm, acordou de bom humor. Gosto dessas.
- Dessas como sua mãe?
- Epa! Calma lá! Leia sobre o menininho desaparecido. Teremos muito há conversar.
Mal sabia Emily que sim, iriam conversar muito ainda.
O caso não parecia muito anormal do que se encontra diariamente não fosse um detalhe: Jonathan, de apenas 4 anos, era filho de Klaus Andersen, poderoso e internacionalmente conhecido ilusionista. Casado com Tamara Oliveira Andersen, vieram ao Brasil para uma longa temporada de apresentações. Klaus ainda percorreria toda a Europa, mas Tamara queria dar um lar estabilizado para o pequeno Jonathan.
Na noite da última apresentação de Klaus, Jonathan simplesmente desaparece de dentro de sua casa. Sem pistas. Sem nada.
O mais importante para o caso, era a discrição, mesmo a mídia tendo tomado esse, como algo a ser difundido de todas as formas, sem escrúpulos, como de praxe.
Teriam problemas especialmente com Márcia Anteves, jornalista implacável, e, sim, algo digna num meio de pulhas.
A agência foi contatada minutos após os pais terem percebido o desaparecimento.
Emily estava perturbada. O pai e a mãe aparentavam frieza, mas era tão cedo ainda para afirmarem um envolvimento... era até mesmo insano pensar em algo do tipo.
Teria pela frente, longas horas para ver e rever papéis e e-mails, longas reuniões e discussões.
Era apenas algo superior à secretária, mas, numa agência de investigação, uma secretária nunca é apenas uma secretária e Emily revezava-se entre atender telefonemas, fazer pesquisas, organizando e cruzando documentos para formular relatórios especulativos sobre os casos... enfim, acabava fazendo uma pré-investigação antes de passar os dados dos casos.
Um fato a intrigou: Klaus já havia uma ficha lá. Em poucas páginas leu sobre seu primeiro casamento... e que Jonathan não era o primeiro filho seu a desaparecer...
(querem acompanhar do começo???
http://segundonabraba.blogspot.com/2010/07/prologo-por-thais-miassi.html
segunda-feira, 19 de julho de 2010
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